RS tem 72,2% das estradas com problemas, mostra estudo

novembro 29, 2023 0 Por Site Fetransul

As condições do pavimento no RS geram um aumento de custo operacional do transporte de 33,6%

SECOM / DIVULGAÇÃO/ JC – Luciane Medeiros

O estado de conservação da maioria das estradas no Brasil (67,5%) é regular, ruim ou péssimo, enquanto apenas 32,5% é considerado ótimo ou bom. No Rio Grande do Sul, 72,2% da malha rodoviária pavimentada avaliada apresenta algum tipo de problema, sendo considerada regular, ruim ou péssima, e 27,8% é considerada ótima ou boa.

As condições do pavimento no RS geram um aumento de custo operacional do transporte de 33,6%, o que se reflete na competitividade do Brasil e no preço dos produtos. No âmbito nacional, a má conservação gera impacto ambiental e custos desnecessários na ordem de R$ 7,49 bilhões à economia do País e resulta no consumo desnecessário de 1,139 bilhão de litros de diesel apenas neste ano. Os dados fazem parte da 26ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias, divulgada pela Confederação Nacional do Transporte (CN)nesta quarta-feira (29).

Ao todo, o levantamento analisou 111.502 quilômetros de rodovias pavimentadas, entre federais e estaduais, compreendendo 67.659 quilômetros da malha federal (BRs) e 43.843 quilômetros dos principais trechos estaduais, sendo 23,4% delas administradas por concessionárias. A avaliação não envolveu pesquisa de opinião e empregou o uso da Inteligência Artificial (IA) para dar maior segurança nos dados, filmagens e geoprocessamento com o mapeamento por imagens de satélite.

Três características compõem o estado geral das rodovias: pavimento, sinalização e geometria da via. Neste ano, a avaliação regular, ruim e péssimo dos três itens foi 56,8% (pavimento), 63,4% (sinalização) e 66% (geometria da via), próximos aos resultados de 2022m que tiveram 55,5%, 60,7%, 63,9% 63,9%, respectivamente.

Quando analisado o estado geral da rodovia no recorte de acordo com o tipo de gestão do trecho – público ou privado – as públicas têm maior avaliação negativa, com 77,1%. Já nas estradas concessionadas, predomina o estado geral bom e ótimo, com 64,1%.

No ranking das 10 melhores rodovias, apenas trechos da Região Sudeste, sendo sete deles concessionados. Entre as 10 piores, somente estradas das Regiões Norte e Nordeste. O levantamento relacionou os principais pontos críticos das estradas no Brasil, que são as quedas de barreiras, erosão nas pistas, grandes buracos, pontes caídas e pontes estreitas. No Rio Grande do Sul, há 59 pontos críticos.

Durante a apresentação dos dados, Bruno Batista, diretor executivo da CNT, lembrou que a malha rodoviária brasileira é bastante demandada e cresceu apenas 2,5% entre 2012 e 2022, enquanto a frota de veículos cresceu 51,2%.

A entidade relacionou algumas propostas de solução para os problemas nas rodovias. “O mais viável em termos de investimento público é vedar o contingenciamento. Precisamos garantir o nível mínimo de recursos para que as rodovias entrem numa fase de crescimento, de melhorar o seu nível de qualidade”, afirmou. Outro ponto defendido pela CNT é a aplicação integral do Cide combustíveis, recurso pago a cada abastecimento. “Ele já gera um montante possível de ser aplicado bastante alto e poderia fazer a diferença, sobretudo se houvesse a não incidência da DRU (Desvinculação de Receitas da União) sobre esse total”, complementou Batista.

O presidente da CNT, Vander Costa, defendeu a manutenção dos investimentos no setor e destacou que a entidade vai trabalhar no Congresso Nacional para manter os recursos do Ministério do Transportes. Neste ano, foram destinados R$ 18 bilhões às estradas e para 2024 a estimativa é de R$ 16 bilhões. “Isso vai trazer benefícios para a sociedade brasileira, que vai ter condições de transitar em rodovias mais seguras e mais eficientes para o meio ambiente, com menos poluição. Sabemos que os recursos são escassos, mas a infraestrutura é fundamental para poder promover o desenvolvimento econômico e social”, salientou.

Renan Filho, ministro dos Transportes, disse que a ideia do governo federal é investir nos quatro anos da gestão Lula R$ 78 bilhões em estradas. Outros R$ 100 bilhões serão via Parcerias Público-Privadas (PPPs), viabilizadas com a ampliação de leilões ampliando os leilões. “De 1997 para cá fizemos 24 concessões, é uma por ano, isso não se relaciona com a necessidade da nossa infraestrutura. Se fizer muito pouca concessão é quase a mesma coisa que não fazer nada”, criticou.

Além disso, Renan Filho pontuou que dessas 24 concessões, aproximadamente 15 estão em desequilíbrio grave ou em relicitação, um “eufemismo para obra parada”. A ideia é fazer 35 novos leilões até o final do governo Lula e otimizar até 15 contratos, viabilizando 50 novos contratos para a administração de rodovias.