Governo terá de contratar empresas de logística para gerenciar doações

maio 15, 2024 0 Por Site Fetransul

A força do trabalho voluntário na fase de resgate, organização de abrigos e manejo de doações produziu neste início de maio um cenário que não tem como se manter pelo tempo necessário à reconstrução do Rio Grande do Sul. Empresas de logística ajudaram a organizar os centros de distribuição de doações, que são tocados por voluntários, com a participação da Defesa Civil, do Exército e de órgãos do governo. 

A pergunta necessária e que precisa ser respondida imediatamente é: e quando os voluntários voltarem à rotina do trabalho, das aulas, dos compromissos em geral? Quem cuidará dos abrigos? Quem cuidará da linha de montagem de cestas básicas, da separação das doações, da entrega dos medicamentos, da organização dos kits de higiene e limpeza? 

A resposta, qualquer pessoa que entenda minimamente de logística dará com pequenas variações no texto: é preciso organização profissional. É romântico imaginar que Estados e municípios terão esses batalhões de voluntários por muito tempo. 

Podem determinar aos servidores, com base nos decretos de calamidade, que assumam o posto dos voluntários, mas a maioria tem suas tarefas. Os que podem ser deslocados precisarão de um treinamento, por mais rápido que seja, para fazer tarefas braços que hoje estão quase automatizadas.  

Os voluntários que ajudam o governo a pensar na logística necessária trabalham em um dos prédios da antiga CEEE que virou QG do governo com o Centro Administrativo alagado. Foi para lá que se mudou o secretário de Desenvolvimento Rural, Ronaldo Santini, coordenador dos oito centros de distribuição montados no Estado para receber doações, organizá-las e endereçar para quem precisa. 

Dos conselheiros, Santini ouviu que uma operação desse tipo não se monta em 30 dias. Isso significa que, quando começarem a rarear os voluntários, não será possível simplesmente fazer uma contratação emergencial. O governo terá de alugar galpões  para acomodar produtos que hoje estão em Centros de Distribuição de empresas, cedidos sem ônus para o Estado. Quando essas empresas voltarem a operar, precisarão dos espaços. 

Com o decreto de calamidade, o governo tem condições de fazer uma licitação emergencial para contratar empresas com expertise em logística, mas talvez seja necessário separar o processo em diferentes fases. O CD montado nos galpões da antiga CEEE (veja vídeo abaixo) está repleto de doações, boa parte ainda não catalogadas, mas com voluntários trabalhando da manhã à noite na organização. Eles são poucos e as doações não param de chegar: há caminhões vindo de todos os Estados do Brasil, aviões pousando na Base Aérea de Canoas e nas cidades maiores que têm aeroporto, navios da Marinha e pessoas organizando contribuições que chegam de carro e são armazenadas em espaços que logo ficam lotados.

Por Rosane de Oliveira – GZH

Foto: Eduarda Costa / Agencia RBS