Rio Grande do Sul: tão longe – tão perto

Afrânio Kieling destaca a importância de ter um veículo especializado no segmento

O transporte e a logística de nosso Estado sofrem de um atávico dilema geoeconômico, que desde sempre pautou nossas ações empreendedoras. Quando olhamos o mapa do Brasil, não há dúvidas de que estamos num dos extremos do País. E quando as forças produtivas de nosso Estado miram o mercado nacional, inicialmente pensam no centro do Brasil, pois esta região está em nosso trajeto.

O Rio Grande do Sul tem apenas duas conexões rodoviárias diretas com o estado de São Paulo: BR-116 e BR-101. Outras rodovias permeiam o interior dos estados do Sul, mas seus percursos não são adequados para chegar ao restante do território brasileiro.

Pode parecer que a disponibilidade de duas estradas nacionais, das quais somente a BR- 101 é totalmente duplicada, seja o suficiente. Porém, outra forma de compreender a importância de uma malha rodoviária para o processo de integração, pode ser através de uma comparação com o estado de São Paulo.

A partir desta unidade da federação, existem inúmeras rodovias com destino a Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio de Janeiro, Paraná e demais estados do Sul do Brasil. E praticamente todas são duplicadas. Os serviços de logística em São Paulo são melhor estruturados e pulsantes, assegurando maior competitividade aos paulistas.

A integração econômica depende do transporte e dos provimentos logísticos. Nossa atividade industrial é suprida por matéria-prima oriunda de outras regiões. O custo logístico é um aspecto econômico sempre considerado para efeitos de produtividade e competitividade.

De certa forma, os gaúchos, ao longo de sua história, têm feito o caminho inverso dos bandeirantes paulistas de séculos XVI e XVII. Eles desbravaram o território, estendendo o domínio da então colônia portuguesa. E nos séculos XX e XXI, os gaúchos percorrem outras regiões do Brasil e transportam produtos acabados para o mercado nacional.

Nosso desafio? Colocar o Rio Grande do Sul mais perto do Brasil, e a um preço competitivo. Nossa missão é ser a força integradora da economia gaúcha com o Brasil. E vice-versa.

Resolvemos trazer o tema da infraestrutura para essa ocasião especial que marca os 20 anos de circulação do Caderno de Logística do Jornal do Comércio, pois a questão geográfica permeia nossos pressupostos de mercado.

O Caderno de Logística é um produto jornalístico muito importante, que contribui diretamente para ampliar a compreensão desse segmento do sistema produtivo. A sábia decisão de assumir este tema, como pauta permanente de um veículo de comunicação do Rio Grande do Sul, evidencia a compreensão desta empresa de comunicação a respeito do estratégico papel que a logística e o transporte têm para a economia do Estado.

O Sistema Fetransul representa e articula uma imensa cadeia de serviços que diuturnamente reinterpreta este conceito objetivo de estar longe, proporcionando aos produtos do Rio Grande do Sul a tangibilidade de estarem perto dos demais mercados, seja o Brasil, seja o Mercosul.

Afrânio Kieling
Presidente da Fetransul

Fonte: Jornal do Comércio – Especial 20 Anos Caderno Logística