Prefeitos no RS estudam flexibilizar quarentena para reativar economia gradativamente

março 27, 2020 0 Por Site Fetransul

Impasse ocorre em meio a pedidos da classe empresarial para retomada dos trabalhos

Com os pedidos da classe empresarial pela flexibilização da quarentena no Rio Grande do Sul, alguns municípios estudam medidas para retomar gradativamente a atividade econômica, restrita em razão do combate ao coronavírus. No Vale do Sinos, a prefeitura de Estância Velha revisou o decreto municipal que determinava o fechamento de indústrias e comércio até o dia 3 de abril. A partir desta sexta-feira (27), indústrias poderão voltar a operação parcial, com até 30% de seus funcionários. Trabalhadores dos grupos de risco seguem afastados.

Estabelecimentos comerciais não essenciais e indústrias devem retornar à atividade plena no próximo dia 3 de abril. Fabricantes de EPI e empresas alimentícias não haviam sido incluídas no texto original.

A prefeita Ivete Grade diz que atendeu à reivindicação de empresários da região. Ela divide a preocupação entre a contenção da pandemia e a produtividade do município.

— A indústria não pode parar completamente. Houve solicitação dos empresários. Eles trabalharão com força mínima e respeitando medidas de prevenção – comentou Ivete.

As empresas que retornarem as atividades deverão disponibilizar álcool gel 70% para os colaboradores e clientes, promover a constante higienização e desinfecção dos ambientes, respeitar o distanciamento mínimo de 2 metros entre cada posto de trabalho e não exceder a capacidade de 30% de pessoas no local, considerando a lotação definida no PPCI. A fiscalização será feita pela Polícia Civil, Brigada Militar, corpo de bombeiros e guarda municipal.

Estância Velha tem dois casos de coronavírus confirmados, sendo um deles o mais jovem do Estado, com 13 anos. O outro é de uma servidora da saúde que trabalha em Novo Hamburgo. A prefeita informa que as escolas do município seguirão fechadas enquanto o comitê de contenção municipal da covid-19 achar necessário.

Na última terça-feira (24), o presidente Jair Bolsonaro disse que autoridades devem “abandonar o conceito de terra arrasada”, criticando o fechamento do comércio e de escolas, restrições no transporte público e o confinamento em massa por conta da pandemia.

A postura de Bolsonaro foi amplamente criticada por integrantes do meio político e da saúde, que defendem o isolamento como uma ferramenta essencial no combate ao vírus.

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Cachoeira do Sul

Em Cachoeira do Sul, na Região Central, após uma quinta-feira marcada por protesto de empresários pela retomada dos trabalhos, o prefeito do município, Sergio Ghignatti, avalia o retorno gradual das atividades econômicas a partir do dia 2 de abril. Ghignatti diz que a alternativa ganhou força após reunião com representantes da saúde, da segurança e do empresariado. No entanto, o chefe do Executivo destaca que soluções na busca para um “ponto de equilíbrio” que vise a segurança e a reabertura do comércio antes de bater o martelo.

— Temos de encontrar solução para que as pessoas não fiquem totalmente sem produzir, porque daqui a pouco isso vira um caos — afirmou. 

Lajeado

Em Lajeado, setores empresariais pressionam para retomarem as atividades não essenciais antes do prazo inicial da quarentena estabelecida pelo governo do estado e prefeitura da cidade. Uma reunião marcada para a próxima segunda-feira (30) servirá para que representantes das categorias levem sugestões e alternativas para o comércio e as indústrias voltarem ao funcionamento gradativamente.

O prefeito Marcelo Caumo tem intenção de renovar o decreto de isolamento social, mas se diz disposto a buscar uma alternativa entre todos envolvidos: 

— É triste que tenha acontecido toda a paralisação. Lajeado é vista sempre com pessoas na rua, comércio forte e parques lotados. Essa manifestação de empresários partiu após as falas do presidente, mas nós já vínhamos nos reunindo e escutando cada ramo e categoria para resolver não só como fechar, mas como e quando vamos reabrir. Temos que atender a comunidade, mas também cuidar da contenção do vírus.

Caumo defende que a medida de quarentena seja efetivamente cumprida por 14 dias, e não apenas sete, como o primeiro decreto determinou.

— A gente deve reeditar estendendo o prazo porque todas recomendações de quarentena estabelecem prazo mínimo de 14 dias. Todos lugares mundo afora seguem este prazo, não antecipam para uma semana. Optamos por fazer o isolamento então vamos fazer — reforça.

Bento Gonçalves

O decreto também tem resistência por parte de entidades empresariais em Bento Gonçalves, na Serra. O prefeito Guilherme Pasin se reuniu nesta quinta-feira (26) com diversos grupos e levará as demandas para o governador do Estado em videoconferência marcada para a sexta-feira. 

— A realidade é realmente preocupante. Não faz sentido cada município fazer regras de uma forma — argumentou o prefeito.

Decreto unificado

Na manhã desta sexta-feira (26), a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) vai propor que o governo do Estado e os 497 municípios gaúchos unifiquem decreto para reger as medidas de prevenção e combate ao coronavírus. O governador Eduardo Leite, o presidente da Famurs, Dudu Freire, e os prefeitos que presidem as 27 associações regionais do Rio Grande do Sul participam de reunião por videoconferência para tratar do tema. 

Em manifestação pela internet, nesta quinta, Leite disse que as medidas de restrição à circulação de pessoas no Rio Grande do Sul não serão revistas pelo governo gaúcho até o final da próxima semana. Para ele, um relaxamento nas regras, que incluem a redução de atividades econômicas, só irá ocorrer após análise do avanço do coronavírus no Estado e da capacidade de atendimento da rede.

Fonte: GauchaZH – Anderson Aires / Roger Silva