Compras pela internet e queda do preço dos combustíveis impulsionam setor de transportes no RS em 2022
outubro 18, 2022Ramo cresceu 15,3% no Estado em agosto deste ano, ante o mesmo mês de 2021
Moisés santos, vice-presidente do Sistema Fetransul e presidente do Sindicar, fala sobre a os avanços no setor de transporte. Confira:
Em um ambiente mais favorável e menos pressionado, o setor de transporte apresentou avanço no Rio Grande do Sul neste ano. O ramo de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio cresceu 15,3% no Estado em agosto deste ano, ante o mesmo mês de 2021. Os dados são da última pesquisa mensal de serviços, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada na semana passada.
O segmento carrega o principal impacto dentro do volume de serviços, que avançou 3,5% em agosto no Estado nesse recorte anual. Demanda aquecida na segunda metade do ano, incorporação das compras pela internet na rotina dos consumidores e redução do preço dos combustíveis são alguns dos fatores que ajudam a explicar esse movimento, segundo integrantes do setor.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs), Sérgio Mário Gabardo, afirma que a demanda aquecida durante a retomada da economia faz parte desse processo. Esse componente e a queda no preço dos combustíveis ajudam o setor de transporte de carga, na avaliação do dirigente:
— Com a demanda aumentando e o preço do combustível baixando, tem mais procura e mais vontade das pessoas trabalharem. Como tem mais procura, também tem um reajuste dos valores. Então, os transportadores começam a ver um horizonte.
Moisés Knopf dos Santos, vice-presidente do Sistema Fetransul, afirma que o aumento do consumo na segunda metade do ano diante de feriados e festas é outro movimento que impulsiona o setor. Dos Santos também destaca a importância da redução do preço dos combustíveis no avanço:
— Isso possibilitou que os empresários do setor de transporte de carga investissem mais na renovação de frota e na contratação de mão de obra. É um avanço que traz equilíbrio.
O economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Oscar Frank, cita a participação das vendas pela internet como um dos fatores mais importantes para o avanço do setor. Impulsionado pela pandemia, esse tipo de venda segue crescendo e respingando no transporte de cargas, segundo o economista.
— Na medida em que as pessoas começaram a demandar mais e-commerce, passaram a incorporar isso dentro de sua jornada de compra. Isso promoveu uma ativação muito considerável, significativa para esse segmento — pontua.
Frank destaca que o desempenho do ramo de transportes neste ano seria ainda melhor em um ambiente sem estiagem. Isso porque uma safra de grãos maior, sem a falta de chuva, teria impacto positivo no setor diante da necessidade de escoamento da produção, movimento observado na média nacional, segundo o especialista.
Na comparação com o mês imediatamente anterior, o setor de serviços recuou 1,1% no Estado ante julho. A pesquisa do IBGE não tem recorte nesse período para o segmento de transporte e demais ramos.
Transporte de passageiros
A melhora no setor também atinge a área de transporte de passageiros em viagens interestaduais e internacionais. Nesse grupo, o aumento dos valores de passagens aéreas e o arrefecimento da pandemia são alguns dos efeitos que ajudam a aumentar a procura.
No Brasil, de janeiro a julho, o movimento nas empresas de ônibus cresceu 60% ante o mesmo período de 2021, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati). A entidade não tem dados estaduais, mas a reportagem de GZH entrou em contato com quatro das grandes empresas que fazem viagens entre Estados e países, saindo e chegando do Rio Grande do Sul, para saber como está o movimento.
O gerente de operações da Ouro e Prata, Carlos Bernaud, afirma que houve um aumento de 30% na procura, na comparação com o ano passado. No caso da Unesul, os números também demonstram crescimento em relação ao ano passado. Em 2022, até setembro, foram 956 viagens interestaduais, contra 819 do mesmo recorte de tempo de 2021. Planalto e TTL, que faz a linha Brasil-Uruguai, também informaram aquecimento no movimento.
Fonte: GZH / ANDERSON AIRES E EDUARDO MATOS