CNT debate importância da sinalização rodoviária

novembro 24, 2020 0 Por Site Fetransul

Seminário virtual “Sinalização: Panorama Atual, Programas de Gestão e Segurança Viária”, destacou necessidade investimento para a segurança rodoviária

A CNT (Confederação Nacional do Transporte) promoveu, nesta segunda-feira (23), o seminário virtual “Sinalização: Panorama Atual, Programas de Gestão e Segurança Viária” (clique aqui para assistir). O evento foi transmitido pelo canal da CNT no YouTube e debateu temas relativos a programas de melhoria da sinalização em rodovias do Brasil; a sinalização como fator de segurança; o futuro da sinalização rodoviária; e os impactos da sinalização na gestão do tráfego. 

Conforme o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista, no caso do Brasil, quando se fala de sinalização em rodovias federais, o menor índice de mortes por acidentes ocorre em locais bem sinalizados. “Sinalização boa ou ruim define parâmetros de segurança. Quando o pavimento é bom e inexiste faixas centrais, o risco de morte sobe 47%. Os números demonstram que é preciso dar mais atenção para sinalização e dispositivos de segurança.” Bruno Batista ainda destaca que muito já foi feito em programas federais, mas que ainda é preciso mais. “Desde 2006, houve três programas de sinalização no Brasil: o Prosinal, o Prodefensas e o BR- Legal. Notamos que, desde 2004, existe um processo de melhoria da sinalização. Porém, foram 14 anos para que isso acontecesse e a manutenção dos programas oscila muito.” O diretor-executivo da CNT ainda fala que os investimentos vêm sofrendo uma queda, e que é preciso gerenciamento e cronogramas mais assertivos. “De 2018 para 2019, o volume de recurso para o BR-Legal vem caindo, comprometendo a segurança rodoviária e trazendo uma piora da situação. Faltam empresas para gerenciamento, existe uma carência de fiscalização por parte de órgãos do Governo, além de intervenções que não são executadas, atrasos por falta de projetos e de priorização de trechos críticos.”                          

O estudo Acidentes Rodoviários e a Infraestrutura, divulgado pela CNT em 2018, mostra que os maiores índices de óbitos nas BRs ocorrem em trechos com problemas na sinalização (que receberam classificação regular, ruim e péssimo). Foram 11,4 mortes a cada 100 acidentes. O número chega a ser 9,6% maior do que nos trechos com avaliação positiva (ótimo ou bom), que tiveram 10,4 mortes por 100 acidentes. 

Já em relação à ocorrência de acidentes, os trechos rodoviários com sinalização ruim ou péssima lideraram as estatísticas, com o índice chegando a 13 mortes a cada 100 acidentes em cada uma das situações. O menor registro ocorre em trechos com sinalização ótima, sendo 8,5 mortes por 100 acidentes, 34,6% menor do que em trechos considerados ruins ou péssimos. 

O coordenador-geral de Segurança Viária da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Agnaldo do Nascimento Filho, frisa que dentro dos fatores causadores de acidentes um dos principais é a sinalização. “Questões como a faixa contínua e tracejada podem causar acidentes em rodovias federais de pista simples. Em alguns acidentes onde se constata a falta de atenção a sinalização é inexistente. A qualidade do pavimento e da sinalização interferem diretamente na questão dos acidentes.”

Para o presidente-executivo da Abeetrans (Associação Brasileira das Empresas de Engenharia de Trânsito), Silvio Médici, além dos acidentes e das vidas perdidas, outro ponto que merece atenção é a economia. “Participamos dos projetos do Governo Federal e, no caso do BR- Legal, foi um dos únicos que conseguimos medir a questão financeira. E em todas as regiões houve reduções significativas de mortes. Para cada R$ 1 investido em sinalização, houve uma economia de R$ 5.” 

O presidente da Absev (Associação Brasileira de Segurança Viária), Mario Escobar, destaca que é preciso dar continuidade aos programas que estão sendo executados. “O BR-Legal foi um sucesso em vários pontos. O principal ganho foi separar as verbas do que é manutenção e o que é sinalização. Estamos esperando o BR-Legal 2, para que o processo continue. Uma boa sinalização é primordial, pois a frota continua crescendo em proporção maior que a malha. É preciso apresentar a economia com a prevenção de acidentes.”

O Boletim Economia em Foco, elaborado em maio pela CNT, mostra que os 67.427 acidentes ocorridos em rodovias no ano passado custaram ao Brasil R$ 10,28 bilhões em perdas de vidas, produção e bens. Quando olhamos apenas para a última década, os valores chegam a R$ 156,06 bilhões perdidos entre 2009 e 2019. 

O levantamento ainda mostra que o montante com perdas nos últimos 10 anos (R$ 156,06 bilhões) se aproxima dos investimentos destinados à infraestrutura e manutenção das atividades da PRF, que foi de R$ 172,06 bilhões no mesmo período analisado. 

A responsável pela área de relações governamentais para a América Latina da Divisão de Segurança no Trânsito da 3M, Paula Helena Suarez Abreu, fala que o desafio é fazer com que as melhorias das estradas saiam do diagnóstico e entrem em execução. “É preciso ser uma questão de Estado. A solução é ordenar esforços para ações que virem um plano de execução. Sabemos que a questão fiscal impediu investimentos, mas é preciso fazer cada vez mais. É o momento de pensar em infraestrutura, logística e principalmente salvar vidas.”

CNT lança estudo sobre sinalização rodoviária

A CNT (Confederação Nacional do Transporte) lança, nesta terça-feira (24), às 9h, no seu site, o estudo Transporte Rodoviário – Sinalização. A publicação caracteriza a sinalização das rodovias brasileiras, destacando as suas condições e os aspectos de padronização.

Fonte: CNT /  Carlos Teixeira