Avança regularização de área do Porto Seco em Porto Alegre

maio 28, 2020 0 Por Site Fetransul

Complexo em Porto Alegre reúne 41 empresas do setor de transporte e logística

Imprescindível para a economia, o setor de transporte e logística não parou com a pandemia do coronavírus. Mas também sentiu os efeitos, com queda nos negócios – a maioria das empresas do segmento está operando com 40% do seu faturamento normal.

Na Zona Norte de Porto Alegre, a referência é o Centro Empresarial do Porto Seco, onde estão instaladas 41 empresas, em uma área estratégica, com 957 mil metros quadrados, próxima ao aeroporto Salgado Filho, à Fiergs e às rodovias BR-290 e BR-116.

Apesar do cenário adverso atual, as empresas projetavam ampliação das operações no início do ano, o que foi adiado em função da crise do coronavírus. O projeto está mantido, foi apenas postergado.

Um passo importante foi a regularização do local, no dia 3 de março. Após 28 anos em situação irregular, o complexo ganha novas perspectivas com a oficialização de uma lei municipal – sancionada pelo prefeito Nelson Marchezan Júnior e aprovada por unanimidade na Câmara Municipal -, que acaba com a destinação de áreas públicas específicas e permite emitir matrículas de terrenos onde estão instaladas empresas já em operação.

A medida é celebrada como uma conquista pelo presidente do Centro Empresarial do Porto Seco, Delmar Albarello, que vê um novo momento para o hub de logística da Capital. As empresas estão trabalhando na questão burocrática da regularização, o que deve permitir, quando a situação se normalizar, que investimentos na ampliação das operações sejam feitas no local.

“Estamos em um processo, agora, de conseguir as escrituras dos terrenos. Também estamos negociando algumas áreas que a prefeitura irá colocar à venda para ampliar as empresas aqui no complexo”, informa Albarello.

De acordo com o empresário, que também é CEO do Grupo Troca, as empresas instaladas no complexo já empregam 3,5 mil funcionários diretos. “A nossa ideia é dobrar (a estrutura), porém isso demanda tempo, demanda investimento, travado pelo coronavírus”, explica.

Albarello projeta que o avanço das obras de ampliação do aeroporto internacional de Porto Alegre, tocadas pela concessionária Fraport, e a volta da estabilidade econômica ao País após a crise do coronavírus, o fluxo de cargas poderá ser ampliado três a quatro vezes mais do que se registrava antes do início da pandemia da Covid-19.

“Entendo que o complexo pode ser um grande parceiro com empresas prestadoras de serviços para o aeroporto e para a Fraport”, avalia Albarello. O empresário projeta, ainda, a atração de novas companhias para o Porto Seco no futuro.

“O complexo estava há 12 anos sem nenhum investimento. E a administração do centro empresarial foi trabalhando com a prefeitura (na regularização da área)”, observa o presidente da entidade. “Agora, os trâmites burocráticos estão andando, estão saindo as escrituras, e vamos regularizar todos os terrenos. Com isso e a facilidade para construir, vamos atrair novos investidores”, projeta.

Retomada do setor de transporte deve ser gradual

Delmar Albarello diz que muitas empresas ficarão pelo caminho
/LUIZA PRADO/JC

Além de presidente do Centro Empresarial do Porto Seco, Delmar Albarello, 59 anos, também é CEO do Grupo Troca, uma das principais empresas instaladas no local, com mais de 450 funcionários e filiais no Rio Grande do Sul, em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Ceará. Albarello chama a atenção para os custos que recaem sobre as empresas de transporte e logística em meio à crise do coronavírus. “O custo fixo não reduz, e o faturamento reduziu drasticamente. Estamos bancando a atividade para evitar o desabastecimento”, alerta.

O empresário acredita que a retomada da economia e também do setor de transporte e logística será lenta e gradual. “Muitas empresas vão ficar pelo caminho em todos os setores. Quem estiver mais bem preparado irá retomar os negócios com muita força. A oportunidade vai ser grande.”

Albarello destaca o papel fundamental do setor como intermediário entre a indústria e o varejo. Ele vê com preocupação o atual cenário. “O comércio vai ter de comprar para vender, mas e se ele estiver asfixiado financeiramente? Então vai ter uma inadimplência muito grande. Este é o risco da retomada, a inadimplência”, analisa o presidente do Centro Empresarial do Porto Seco.

Empresas pedem ampliação das vias de acesso ao complexo

Depois da conquista da regularização da área, as empresas do Porto Seco agora demandam a ampliação das vias de acesso ao complexo. “Precisamos ampliar o acesso Norte. É uma briga de 30 anos. Levamos 32 anos para regularizar o Porto Seco. Quem sabe, nos próximos dois, três, quatro anos, consigamos construir uma avenida maior, que é o acesso Norte, interligando a avenida Assis Brasil e a freeway com Cachoeirinha”, explica Delmar Albarello.

“De manhã e no fim da tarde, perde-se ao redor de duas a três horas no trânsito. Imagina os caminhões de 30 metros de largura andando em ruas estreitas, dobrando as esquinas. Então falta muita estrutura”, observa.

O Porto Seco foi projetado na década de 1970 pela prefeitura da Capital. O local foi criado com o propósito de retirar as empresas que ocupavam a região do 4º Distrito de Porto Alegre. A mudança agradou aos transportadores pela proximidade aos acessos de entrada e saída da cidade. Na década de 1980, as primeiras transportadoras adquiram seus lotes e iniciaram suas instalações no Porto Seco. As empresas se instalaram em meio a grandes dificuldades, com problemas de infraestrutura e invasões.

No início da década de 1990, eram 21 empresas no local. Um dos investimentos viários que ajudou a impulsionar o complexo foi a avenida Bernardino Silveira Amorim, na qual, hoje, encontram-se cerca de 50 empresas dos mais diversos segmentos. Em 2006, a prefeitura realizou outro edital de venda de lotes, em que 11 empresas se habilitaram para se instalar no local ou ampliar operações.

Fonte: JC – Osni Machado / Foto Capa: Vitor F Kalsing/Imagem Aérea RS/Divulgação/JC