Entrevista com Jeffrey Rogers – Aprendizagem e Inovação

outubro 5, 2023 Off Por Site Fetransul

A entrevista fez parte do evento Executive Program que aconteceu de 01 a 04 de outubro em Embu das Artes (SP), em parceria com a Singularity University Brazil — empresa estadunidense que oferece programas de educação executiva, incubadora de empresas e serviços de consultoria empresarial.

O Sistema Fetransul esteve representado pelo presidente Afrânio Kieling, vice-presidente Glademir Zanette e diretoras Thais Bandeira e Taís Lorenz.

Confira:

LIFELONG LEARNING: COMO SER UMA LIDERANÇA INOVADORA QUE APRENDE A APRENDER?

O futuro não será construído em um dia ou uma semana. Essa é a visão de Jeffrey Rogers, expert em facilitação da Singularity University e diretor de aprendizagem e facilitação da consultoria boutique Be Radical.

Sobre o processo de aprendizagem, Rogers ressalta a importância do desconhecido. “Reconhecer o que não sabemos é o primeiro e mais essencial passo para fazer perguntas novas e diferentes”, pontua.

Em entrevista à SingularityU Brazil, Jeffrey falou sobre as oportunidades nas crises no ecossistema de inovação, a necessidade de estar sempre aberto para o aprendizado contínuo e a função do pensamento distópico quando se discute o pensamento exponencial.

Referência em temas como estudos de futuro, conexões de valor e aprendizado, Jeffrey vem ao Brasil em março para facilitar a oitava turma do Executive Program da SingularityU Brazil. A conversa você confere abaixo.

SingularityU Brazil – Na sua opinião, qual é o papel do lifelong learning (aprendizado contínuo) em 2023? Por que você acha que é tão importante líderes terem isso em mente?

Jeff Rogers: Deixando de lado a pandemia de Covid 19 como uma anomalia histórica, os outros principais impulsionadores da mudança que vêm refazendo o mundo nos últimos anos não vão a lugar nenhum. No mínimo, é
provável que se intensifiquem e experimentaremos uma transformação mais rápida das economias, sistemas políticos e sociais, saúde e meio ambiente.
Para pegar emprestado uma fala de Eric Shinseki, os líderes que não gostam de mudanças gostarão ainda menos da irrelevância. A alternativa é o lifelong learning.

SU – Por que é tão importante ser um lifelong learner quando pensamos em inovação?
JR – Uma parte muito significativa da inovação é criar combinações novas e úteis de ideias, e ferramentas existentes.
O lifelong learning e a exposição a novas informações e conceitos nos ajudam a fazer essas conexões inéditas.
Mas isso não é suficiente por si só. A inovação também depende da identificação do que é mais útil dentro das
novas conexões e combinações, e isso se resume em grande parte à experimentação e teste – que são efetivamente
sobre aprender fazendo em sua essência. Se não aprendermos a aprender, não inovamos e não nos adaptamos.

SU – O ecossistema de inovação está passando por uma crise agora? Como passar por esse momento sem perder o apetite pela disrupção?
JR – Sempre há uma crise. Este momento – como qualquer outro – também oferece uma oportunidade: inovadores e investidores têm a oportunidade de recalibrar e reconsiderar o valuation de seus empreendimentos. Que ideias
são realmente dignas de investimento? Que problemas realmente clamam ou exigem soluções melhores e escaláveis? Eu suspeito que as respostas honestas a essas duas perguntas levem inovadores e investidores a possibilidades
que podem parecer bem diferentes de algumas das áreas mais quentes do recente boom tecnológico de dinheiro fácil.

SU – Como os líderes podem se beneficiar da incerteza do futuro?
JR – Reconhecer o que não sabemos é o primeiro e mais essencial passo para fazer perguntas novas e diferentes – do tipo que realmente desbloqueiam a descoberta e a inovação. Se queremos mudanças, temos que fazer perguntas
novas e diferentes. Esse é um processo que primeiro requer e depois recompensa entrar na incerteza como líder.

SU – Como podemos manter o desejo de ser inovador e não ser tão distópico?
JR – O pensamento distópico tem seu lugar e também seu propósito. O objetivo do pensamento distópico (por exemplo, grande parte da grande ficção científica) não é enfraquecer os agentes de mudança ou desencorajar os líderes de trabalhar para um amanhã melhor. Muito pelo contrário: quando nos deparamos com uma visão de um futuro que não queremos ter, devemos nos perguntar o que podemos fazer hoje para tornar esse tipo de futuro menos provável, o que podemos fazer hoje para criar resiliência contra esse tipo de futuro em nossa sociedade,
nossas organizações e nossas comunidades.

SU – Líderes se deparam com diversos desafios em seu dia a dia. Como estar aberto ao conhecimento?
JR – Duas coisas: primeiro, abrace a curiosidade. Se não nos dermos permissão para questionar e explorar, não nos daremos permissão para aprender e mudar. Em segundo lugar, reconheça que isso não acontece de uma só vez – ou apenas uma vez. O aprendizado e a transformação devem ser permanentes e contínuos para que o nosso hoje esteja sempre a serviço do amanhã que queremos ver. Não construiremos o futuro em um dia ou uma semana, mas devemos estar sempre aprendendo nosso caminho na direção certa e construindo à medida que avançamos.

Fonte: Equipe SingularityU Brazil